Condicional ao ajuste fiscal, retomada surge no radar

A economia brasileira continua apresentando sinais de recuperação. Ainda que o PIB do 2º trimestre tenha registrado nova queda em relação ao período anterior, as expectativas para o ano de 2016 e 2017 vêm apresentando leves, mas consistentes melhoras. A evolução positiva deve-se em parte ao desempenho recente da indústria, mas está principalmente associada à confiança de que as primeiras medidas do ajuste fiscal anunciado serão aprovadas em breve. A efetivação deste ajuste tenderá a reduzir incertezas com relação à dinâmica das contas públicas, contribuindo para reduzir a inflação e consequentemente a taxas Selic.

No setor imobiliário, as incorporadoras registraram prejuízo agregado de R$ 1,2 bilhão no 2º trimestre, cerca de quatro vezes superior à perda de quase R$280 milhões há um ano. Em resposta, as empresas têm adaptado suas estruturas pessoal e administrativa, e readequado planos de lançamentos com o intuito de alinhar o crescimento da oferta à demanda. Superadas as incertezas políticas relacionadas ao processo de impeachment, representantes do setor creem em melhora das expectativas. Ainda sem uma forte e imediata expectativa de reversão da trajetória das principais variáveis macroeconômicas, a recuperação dos níveis de confiança continua fundamental. Notase ainda que o processo de ajuste no mercado imobiliário tem gerado novas oportunidades de negócio, particularmente para agentes menos dependentes de financiamento.

Porém, manter a trajetória de melhora das expectativas será mais complexo agora após o afastamento definitivo da ex-presidente. Os mercados têm reagido a cada fato novo relativo à disposição do novo governo em assumir compromissos fiscais já anunciados e aprovar os projetos no Congresso. A partir de agora, a continuidade da retomada de confiança e recuperação econômica estará condicionada à capacidade do governo de transformar o discurso em ação.